
O
provérbio acima é uma promessa ou uma advertência? Segundo o hebraico, a frase
“no caminho em que deve andar” não está traduzida de maneira correta. Ela
deveria ser “de acordo com seu próprio caminho”. Assim, você tem no capítulo
22, versículo 6, uma predição proverbial de que a criança educada e ensinada,
desde o começo, a seguir seu próprio caminho, estará, para todo sempre, ligada
a ele.
O
provérbio pode ser visto como uma “promessa” encorajadora de dois modos
possíveis. Um, o mais comum, o apresenta ensinando que se você “pai-storear”
corretamente seu filho de acordo com o seu chamado da aliança, isto resultará
em fidelidade eterna. A outra forma “positiva” de entendê-lo, revela um sentido
diferente. Salomão aqui, estaria falando do reconhecimento, de antemão, da
propensão vocacional existente em seu filho. Se esta propensão for cultivada,
ela resultará numa devoção eterna e frutífera para o ofício escolhido. Como
tal, o provérbio pode ser tomado como algum tipo de indução a um aprendizado
precoce. Se você observa que seu filho gosta de cavalos, por exemplo, deixe-o, o quanto antes, ser treinado nesta
área por um perito. A frase ensinar poderia ter então, o sentido de “dedicar”
ou mesmo “estimular”. Deixe-o empregar seus dons naturais o quanto antes, e ele
os usará naquela área por toda vida.
Mas
há um terceiro modo de entender este verso, e esse não como uma promessa, mas
como uma advertência. A Palavra pode estar nos ensinando que se você educar a
criança de acordo com suas próprias (pecaminosas, naturais) inclinações, você a
terá arruinado para a vida.
Assim,
este provérbio poderia ser um complemento a muitos outros provérbios que tratam
do mesmo assunto. Por exemplo, em 22:15 encontramos: “A estultícia está ligada
ao coração da criança, mas a vara da disciplina a afastará dela” e em 19:18 há
a admoestação: “Corrige a teu filho, enquanto há esperança, mas não te excedas
a ponto de matá-lo.” Dizendo enquanto há esperança, encontramos o autor
sugerindo que haverá um tempo quando o treinamento ou a disciplina serão,
humanamente falando, vãos, sem esperança, infrutíferos, inúteis. Se você
deixá-lo seguir seus instintos corrompidos fora da porteira (conforme 22:6),
mais tarde você não o terá de volta ao caminho.
Este
último modo de interpretar Pv. 22:6 é o mais recomendado. Primeiro, ele permite
a versão literal a fim de transmitir uma
mensagem coerente, sem emendas. Segundo, ele é apoiado por instruções e
admoestações muito similares quando o
mesmo assunto (criação de filhos) é tratado no mesmo livro inspirado. Terceiro,
e este é de vital importância ao testar a interpretação apropriada de um
provérbio inspirado, é que ele é legítimo no que se refere à vida e a
experiência comum. “Há pouca esperança para crianças que são educadas de
maneira imprópria. Se a tinta respingou na lã, é muito difícil tira-la da
roupa” diz Jeremiah Burroughs. E muitos são os que têm notado, como fez William
Gurnall, que a “Religião cristã não cresce sem que se plante, mas murchará,
mesmo onde foi plantada, se não for aguada. Ateísmo, irreligião e profanidade
são ervas daninhas que crescerão sem semeadura, mas não morrerão sem que sejam
arrancadas”. Deixe uma criança seguir
seu próprio caminho quando for jovem e ela crescerá para ser um “jardim” de
ervas daninhas.
Acima e abaixo de todas as possíveis
interpretações de Provérbios 22:6, está uma pressuposição da maior
importância: Como os pais lidam com as
dificuldades de suas crianças. Aqueles que principiam seus conceitos com a
eleição ao invés de com a aliança podem facilmente cair em alguma sorte de
fatalismo não bíblico. Mas pelo fato de Provérbios (para não mencionar o
restante das Escrituras) nos falar de diversas conseqüências provenientes de
diferentes ações humanas, somos seguramente levados a crer que o modo pelo qual
eu crio meus filhos é realmente um assunto muito importante, que, mais do que
um modo de falar, pode muito bem influir na definição de onde eles passarão a
eternidade.
Nunca
é uma honra a Deus que Seu povo fale de Sua soberania de modo a desobrigá-los
de suas responsabilidades. Somos levados a crer pelas Escrituras que podemos e
devemos ter uma influência tal sobre nossos filhos que não é incomum que ela os
conduza à salvação, com a bênção de Deus e o suporte da comunidade da aliança,
conforme Gn 18: 16-19; 1 Tm 3: 4,5; Tt.1:6 e também 2 Tm. 3: 14,15.
Assim
sendo, devemos saber que nossa ação ou inação bem pode conduzi-los à
condenação. E, se falhamos em ouvir os avisos e a direção de Deus encontrados
por toda a Escritura, no último dia não seremos autorizados para suplicar pelos
decretos de Deus em nossa defesa!
Visto
que o inferno é a eterna e atormentadora separação de Deus e do conforto,
alguém poderia pensar que o mais fervoroso desejo de um pai seria educar seus
filhos, rigorosa e conscientemente, para que
escapassem da perdição e achassem refúgio e plenitude de vida em Deus
através de Cristo e da aliança. Ainda assim, muitos são os que parecem
considerar isto como sendo muito trabalhoso. Para aqueles tão completamente
perversos a ponto de serem indiferentes à questão, eu apresento um método para
fazer com que isto seja uma certeza. Aqui, através de 18 meios bem fáceis de
seguir, está a fórmula comprovada de como mandar seus filhos para o inferno:
1) Crie seu filho para buscar seu próprio
caminho. Ignore com todo seu coração o que J. C. Ryle aconselha em The Duties
of Parents (Os Deveres dos Pais):
“Se
você for educar seus filhos corretamente,
então, em primeiro lugar, eduque-os no caminho em que devem andar e não
no caminho em que eles escolheriam. Lembre-se: crianças nascem com uma
inclinação decidida para o erro, e portanto, se você permitir que escolham por
si mesmas, elas certamente escolherão errado”.
A
mãe não pode dizer o que seu frágil infante será ao crescer: alto ou baixo,
fraco ou forte, sábio ou tolo; ele pode ser qualquer uma destas coisas ou
nenhuma delas, pois elas são incertas. Mas uma coisa a mãe pode dizer com
certeza: ele terá um coração corrupto e pecador. É natural para nós portar-nos
mal. “A estultícia”, diz Salomão, “está ligada ao coração da criança” (Pv. 22:15). “A criança entregue a
si mesma vem a envergonhar a sua mãe”(Pv. 29:15). Nossos corações são como a
terra que pisamos; deixe-a abandonada e certamente produzirá ervas daninhas.
Se
então, você for lidar de modo sábio com seu filho, não deve deixá-lo sujeito a
sua própria vontade. Pense por ele, julgue por ele, aja por ele, do mesmo modo
que você faria por uma pessoa fraca e cega; mas, pelo amor de Deus, não o
entregue aos seus próprios gostos e inclinações voluntariosos. Não devem ser
suas preferências e desejos que são consultados. Ele ainda não sabe o que é bom
para sua mente e alma, mais do que o que é bom para seu corpo. Não o deixe
decidir o que ele deve comer, o que ele deve beber, e como ele deve se vestir. Seja
consistente, e lide com a mente dele da mesma maneira. Eduque-o no caminho que
é bíblico e correto e não do jeito que ele imagina.
Se
você não pode decidir-se a este primeiro princípio da educação cristã, é inútil
continuar lendo. A vontade própria está perto de ser a primeira coisa que se
manifesta na mente da criança, e precisa ser sua primeira resolução, resistir a
ela.
Ignore
este conselho se você for colocar seu filho rumo à destruição, e ao invés
disto, ensine-lhe auto-estima positiva; ensine-o que o maior amor está dentro
dele e que o mundo, de fato, gira ao seu redor”.
2)
Nunca o discipline corporalmente. Os provérbios que sugerem punição
corporal, são bárbaros e ultrapassados. Nós somos civilizados. Nós temos o Ano
da Criança! Nós erguemos nossas consciências, não palmatórias! Provérbios 13:24
“O que retém a vara aborrece a seu filho, mas o que o ama, cedo, o disciplina”
está errado. Ignore-o. O 22:15 “A estultícia está ligada ao coração da criança,
mas a vara da disciplina a afastará dela”, também. E esqueça 23:13-14 “Não
retires da criança a disciplina, pois, se a fustigares com a vara, não morrerá.
Tu a fustigarás com a vara e livrarás a sua alma do inferno”. Se você for
tentado a discipliná-los corporalmente, tente estas desculpas: a) “Eu apanhei
quando criança e não quero bater nos meus filhos”. Claro, que é o mesmo que
dizer “Minha mãe era gorda, por isso eu não alimento meus filhos”; b) É contra
a lei; c) Minha sogra não gosta disso. Seja criativo e pense em outras
desculpas; você achará fácil criá-las.
3) Quase tão proveitoso quanto nunca
discipliná-los é discipliná-los corporalmente insensata e/ou severamente. A
correção bíblica é amorosa, firme e controlada. Excesso de correção bíblica o
conduziria à outra direção.
4)
Esta é a favorita de muitos pais: nunca use a Escritura na correção.
Nunca explique para seus filhos qual é a vontade de Deus sobre o assunto. Não
tome Deuteronômio 6: 4-9 literalmente (“Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o
único SENHOR. Amarás, pois, o SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração, de toda
a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão
no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em
tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as
atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as
escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas”).
5)
Nunca admita que você está errado. Se você deseja que seus filhos
cresçam descorteses e hostis, nunca os deixe vê-lo humilhado ou aceitando
correção. Nunca lhes peça desculpas; nunca reprima seu orgulho.
6)
Seja hipócrita. Esta é boa para lembrar. Ensine-os através das suas
ações, que suas palavras não têm valor para você.
7)
Instrua-os para escolher sua própria religião. Afinal, você não pode
forçá-los a crer.
8)
Não ore com eles ou por eles, publica ou privadamente. Se você precisa
de uma desculpa, lembre que eles acharam graça de você da primeira vez que você
tentou. Normalmente isto é suficiente para fazê-lo desistir.
9)
Evite cantar salmos e hinos com seus filhos. Mas se por alguma razão
você achar que deve, nunca lhes explique o sentido.
10)
Responda cada pergunta religiosa com “Porque nós sempre fizemos assim”.
Este é um dos meios mais eficazes de convencê-los que o cristianismo é
meramente uma tradição e não a Verdade.
11) Não
os previna sobre evolução ou outros mitos populares. Não os informe sobre
heresias da história ou suas modernas iterações. Não lhes fale nada sobre
teologias antagônicas e o porquê as igrejas ortodoxas as rejeitam.
12)
Deixe-os expressarem-se de qualquer modo que escolherem, seja no seu
jeito de vestir, no jeito que usam seu cabelo ou no seu linguajar. As novidades
sempre devem ser seguidas. Se eles desejam tatuagens ou vários piercings,
relaxe e aproveite. Não interfira. Afinal a vida é deles. E nunca olhe aquilo
que eles lêem. Eles têm direitos, você sabe. Você não lê os boletins da ACLU
(União Americana para Liberdades Civis)?
13) Não
os faça trabalhar por nada. O amor, apesar de tudo, deve ser incondicional,
certo? Então, lhes dê tudo e não espere nada. (Isto é exatamente o que você
obterá).
14)
Desde a infância, use uma linguagem simples ao falar com eles. Não
espere que alcancem a maturidade e eles satisfarão suas expectativas!
15) Não os abrace ou beije ou lhes faça cócegas,
e seja muito parcimonioso com respeito a lhes dizer que os ama. Evite por
completo, se possível. Afinal, isto não é muito másculo.
16)
Deixe-os mentir sem sofrer punição. Prove com isto que a verdade tem
pouco valor em sua casa.
17)
Deixe-os desperdiçar tempo, a esmo e sem propósito. Prive-os daquela
idéia puritana que descansamos bem para melhor trabalhar. Tente incutir neles a
moderna noção que trabalho existe a fim de
custear nossa diversão nos fins de semana; damos duro para podermos
“badalar”!
18)
Mantenha a TV sempre ligada, especialmente durante os comerciais. Este é o meio mais fácil e certo
de guiar seus filhos para o inferno. Pense! Ela pode ser pode ser o terceiro (e
o único realmente presente) "pai" delas, e a sua melhor amiga. Duas
horas na igreja aos domingos não terão um papel eficiente na formação do
caráter delas, quando confrontadas com 25 horas de televisão. Todo absoluto, de
qualquer fonte, será “relativizado” para sempre. A televisão tem sido a melhor
amiga do diabo, então a deixe possuir a sala de estar e a cozinha também. Se
possível, deixe-a ligada durante o jantar, assim ela pode reivindicar, sozinha,
o título de senhora e mediadora da verdade em sua casa.
Se
você seguir estes 18 passos, há pouca dúvida de que seu filho estará entre
aquela população infernal.
Mas
eu, particularmente, penso que você rejeitará toda esta horrenda insensatez
acima e se curvará a mais solene
responsabilidade que Deus já lhe deu: Ser pai e mãe. Se Deus nos concede a
aptidão de conduzir nossas crianças à perdição, porque alguém duvidaria que Ele
nos dá a habilidade, a responsabilidade, na verdade, o privilégio, de
conduzi-los ao céu? Se nós fielmente seguirmos Seu método de criação de
crianças da aliança, elas estarão entre a população celeste por toda a
eternidade. Que incentivo à fidelidade!
A
aliança continua por gerações, mas ela continua junto ao caminho da fidelidade,
não o da presunção. Nós temos incomparavelmente grandes e preciosas promessas
da parte de Deus, bem como admoestações. Ele nos exorta que não fazer nada é a
coisa errada. Ensine a criança em seus próprios caminhos, e quando ela for
velha, não se desviará dele. Mas Ele promete que fazer a coisa certa ocasionará
a uma colheita de promessas cumpridas. Ouça Deus meditando consigo mesmo concernente a Seu amigo Abraão: “Porque eu o
escolhi para que ordene a seus filhos e a sua casa depois dele, a fim de que
guardem o caminho do SENHOR e pratiquem a justiça e o juízo; para que o SENHOR
faça vir sobre Abraão o que tem falado a seu respeito” (Gênesis 18:19).
Esta promessa é para você e para seus filhos,
e para tantos quantos o Senhor, nosso Deus, vier a chamar. É uma promessa com
condições; que alegria é cumpri-las, visando a recompensa a que elas conduzem!
Amém.
Steve
M. Schissel