Introdução: Os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas são chamados
“sinóticos”, são parecidos, pois contam muitas histórias em comum. O que
diferencia as mesmas histórias nos seus respectivos Evangelhos é o fato de que
cada autor as contas do seu ponto de vista. Isso é algo muito interessante! A
posição geográfica, a visão da pessoa mediante um acontecimento e até mesmo o
sua percepção pode mudar o modo como uma história será contada.
Mas particularmente,
acredito que Marcos foi o autor que melhor narrou a história. Digo isso porque
Mateus e Lucas contaram a história do cego de Jericó, porém Marcos contou a
história de Bartimeu. Ele não se importou com o fato de Bartimeu ser cego, mas
sim com a pessoa. Enquanto Mateus e Lucas apenas relataram a cura de um cego,
dando a ideia de alguém indefinido e desconhecido, Marcos deu nome à personalidade
e o tratou como um ser humano. Ouso dizer que Marcos viu Bartimeu como Deus o
via: um homem que precisava de uma cura específica, mas não um qualquer, um
homem com uma identidade.
Na verdade, a palavra
Bartimeu significa “filho de Timeu”, uns dizem que significa filho da pobreza, outro
filho estimado, enfim, a bíblia não explica quem era realmente esse homem,
apenas que era cego e filho de Timeu.
Baseado neste texto,
primeiramente precisamos entender que, assim como Marcos relatou, Deus sabia
muito bem quem era Bartimeu. Deus não trata pessoas como “sujeitos indefinidos
ou ocultos”. Ele conhece a cada um de nós pelo nome, temos uma identidade
diante dEle e somos sondados por Ele em todo o tempo. Ele conhece cada área de
nossas vidas e principalmente, as que necessitam de cura. Porém, alguns
detalhes na cura de Bartimeu nos chama a atenção:
1º) Ele não se
revoltou contra Deus
Outra situação comum que acontece quando as
coisas não estão bem é colocar a culpa em Deus. Se não há ninguém que possamos
culpar ao nosso redor, a culpa é colocada em Deus. Justificamos e tentamos
barganhar com Deus, mostrando a Ele que “somos fiéis”, que “somos dizimistas”,
que “estamos fazendo a obra e Deus não nos dá os livramentos sobre os
contra-ataques” ou até mesmo que “nos dedicamos tanto a Deus e Ele não muda a
nossa situação”. E aí estagnamos para dar “uma lição em Deus”. Não vemos Ele blasfemando contra Deus ou
questionando o por quê de sua situação quando se encontrou com Jesus. Pelo
contrário, Ele sabia que Jesus era o único que podia resolver o problema.
Bartimeu provavelmente ouviu alguém pregar sobre Jesus de Nazaré, sobre seus
milagres e seus feitos, e quando viu a oportunidade passar, não hesitou em
correr atrás da cura. Efésios 5:16 “aproveitando bem cada oportunidade, porque
os dias são maus.”
Não podemos perder a
oportunidade da cura! Sabemos que Jesus é o único que pode resolver nosso
problema. Mas para isso, temos que deixar de pensar que Deus é o culpado de
nossa situação e reconhecer que na maior parte das vezes, sofremos e erramos
porque queremos escutar o nosso coração e não a voz de Deus; queremos que as
coisas sejam feitas do nosso modo, e não da forma como Deus quer.
2º) Nunca se associou com pessoas
“doentes”
Mateus diz que existiam dois cegos em Jericó.
A mesma informação é contestada nos evangelhos de Lucas e Marcos. Então Mateus
teria mentido em sua narrativa do fato? Não! Creio que Deus permitiu que fosse
colocado desta forma para que entendêssemos uma realidade espiritual que nos
rodeia: pessoas doentes se associam com pessoas doentes! Pessoas feridas na
alma se associam com pessoas feridas na alma também! Maldizentes se associam
com maldizentes! Pessimistas com pessimistas! Enfim, mesmo que não haja a
doença, ficam na mesma condição do doente.
3º) Não teve medo de
clamar e de se expor ao poder de Deus!
Bartimeu já havia ouvido falar de Jesus. Ouviu
dizer que era um grande mestre e profeta que, por onde passava, curava os
enfermos e operava grandes sinais e maravilhas.
Num certo dia, ouviu
um grande alvoroço e o barulho de uma grande multidão. Perguntou o que estava
acontecendo e ouviu uma resposta que mudaria a sua vida: “Jesus, o Nazareno,
está passando”. Bartimeu poderia sustentar milhares de pensamentos que o
impediriam de buscar a cura: “Você vai se expor desta forma?”. “Acha mesmo que
o mestre vai se importar com você?”. “Certamente Ele vai passar por você sem te
notar, pois é um simples cego que pede esmolas”. “Ele não vai se aproximar de
você, pois é um miserável”.
Mas, novamente, outro
detalhe chama a atenção na vida de Bartimeu. Ele clamou em alta voz: “Jesus,
Filho de Davi, tem compaixão de mim”. E mesmo repreendido por muitos na
multidão, não se calou, mas clamou ainda mais alto: “Jesus, Filho de Davi, tem
compaixão de mim!”. Ele jamais se preocupou com o que iriam pensar dele ou com
as repreensões que recebeu. O foco dele estava em ser curado, e não importava o
quanto precisaria clamar ou se expor.
“Buscar a Presença de
Deus é mais importante do que buscar a unção em si, porque a Presença antecede
a unção” (Benny Hinn, em seu livro “A unção”)
4º) Se desfez do
pensamento miserável e das marcas da doença!
Diante da oportunidade, Bartimeu não pensou
duas vezes. Quando soube que Jesus o chamava, num salto, levantou-se e se
desfez da sua capa. Historiadores dizem que, naquela época, era comum cegos ou
outros deficientes e mendigos usarem um tipo de capa que os identificavam como
“esmoleiros”. Desta vez, Bartimeu não clamava “Esmola! Por favor, uma esmola!”.
Ele queria algo muito maior. Ele clamava: “Jesus, Filho de Davi, tem compaixão
de mim!”. O clamor agora não era pelas migalhas, mas sim pelo banquete! O
pensamento foi modificado! A partir do momento que ouviu Jesus chamá-lo,
Bartimeu entendeu que o tempo da miséria, do sofrimento e da doença estava
acabado e que era o momento de passar a viver uma nova vida e de escrever uma
nova história.
Ele abandonou o
pensamento miserável, mas não foi só isso! Se desfez também da capa que o
identificava como esmoleiro, como pobre e doente. Se desfez da aparência da
enfermidade! Da mesma forma nós, mediante as oportunidades, devemos nos
desfazer da aparência da doença: nos desfazer das “caras fechadas e tristes”,
nos desfazer das “atitudes que demonstram nosso estado” e dos pensamentos que
nos mantém enfermos!
5º) Correu atrás da
cura
O último detalhe que nos chama a atenção na
história de Bartimeu é o fato de que, ao ouvir dizer que Jesus o chamava, deu
um salto, largou a sua capa e foi ao seu encontro. Ele poderia pensar “Como
Jesus me chama até Ele sabendo que eu sou cego? Não seria mais fácil ele vir
até mim?”.
Mas o desejo de ser
curado era tão real na vida de Bartimeu que ele não se importou se o que teria
que fazer para alcançar aquilo fosse trabalhoso ou não. Isso nos mostra que a
cura está disponível em Deus. Sempre ouviremos Jesus dizer: “Que queres que te
faça?”. Todavia, a cura está nEle, mas o buscar está em nós! Pode até parecer
um jargão de pregações o que vou dizer, mas “Deus nunca vai fazer aquilo que eu
posso fazer. Ele só vai agir quando o meu raio de ação já não puder mais
operar!”. E então, ouviremos a resposta: “Vai, a tua fé te salvou”
Todos nós, em
alguma(s) área(s) de nossas vidas precisamos de cura. Que o exemplo de Bartimeu
nos sirva de aprendizado para que possamos nos tornar pessoas verdadeiramente
curadas, sempre atentas ao “detalhe da cura”.
Alberto J. Santos, pastor
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