
Daí por diante, vamos encontrar o apóstolo Paulo sempre se
referindo aos incumbidos de dirigirem as igrejas de Cristo, como pastores, ou
presbíteros, ou bispos (ver Ef. 4:11;
Heb. 13:7,17 e Tito 1:5,7) e nunca se referindo a eles como pessoas diferentes
em cargos diferentes.
Ser Pastor não é abraçar uma profissão, é sim abraçar um
ministério. Vocação é diferente de dom, é Deus quem vocaciona. O trabalho
ministerial consiste em cuidar da vida espiritual daqueles que foram salvos por
Jesus (At 20-28).
O que precisamos entender é que o líder da igreja, na
realidade, desempenha três funções essenciais para a condução do povo de Deus.
1. Pastor. Em Efésios 4:11 o apóstolo Paulo
usou a expressão grega poiménas que
significa literalmente pastores. Em Hebreus
13:7,17, a expressão usada é uma derivação de eiguéomai que significa chefe,
condutor, que exerce governo. Para entendermos bem a função de pastoreio,
podemos ler as explicações de Jesus encontradas em João 10:1-11. O Pastor é
quem tira as ovelhas para fora do curral (v. 3 e 4); é quem vai adiante delas
indicando-lhes o caminho; é quem chama pelas ovelhas dizendo-lhes do perigo
(v.4); é quem deve estar alerta contra os animais ferozes que rodeiam o rebanho
(v. 11 e 12).
Para que um pastor possa desempenhar bem a sua função, são
requeridas na Bíblia algumas atitudes das ovelhas para com ele:
a) Precisa
ser seguido (Heb.
13:7). Não se pode imaginar um pastor que esteja sendo conduzido pelo rebanho,
que deixe que o rebanho o conduza. Infelizmente alguns crentes em muitas
ocasiões não se conformam em serem ovelhas e passam a querer conduzir o pastor,
passam a querer governar o pastor, dizendo-lhe o que deve fazer e por onde deve
andar. Não é por acaso que o povo de Deus é comparado a um rebanho de ovelhas e
não é também por acaso que pastores
foram constituídos para estarem adiante do rebanho. Ovelhas precisam seguir por
caminhos bíblicos, seguros, e é o pastor quem deve conduzi-las.
b) Precisa
ser obedecido (Heb.
13:17), porque são os pastores que velam
pela vida espiritual dos que compõem a igreja. Existem igrejas onde os
encarregados de velarem pela vida espiritual são componentes de uma comissão,
ou são os diáconos, ou são outras pessoas quaisquer. Mas esta função é
atribuída na Bíblia somente aos pastores, porque são eles que darão contas das
almas das ovelhas. Muitas pessoas querem ter o privilégio de conduzir, de ditar
normas nas igrejas, mas somente o pastor é quem dará contas do rebanho a Deus.
Por isso mesmo ele deve ter cuidado na condução do rebanho, sabendo que este
não lhe pertence e que deve ser conduzido segundo os padrões pré-estabelecidos
pelo Senhor das ovelhas, que são encontrados nas Escrituras.
Os pastores devem também ser obedecidos para que a igreja
desfrute de uma condução alegre e agradável para ela própria. Quando os
pastores gemem debaixo da pesada carga da desobediência das ovelhas, as igrejas
também sofrem. “Obedecei a vossos
pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles
que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque
isso não vos seria útil.” Hebreus
13:17
2. Bispo. A expressão grega traduzida por
bispo é episkopoi, que significa superintendente, supervisor. Retornando a Atos
20:28, lemos que o pastor é constituído bispo da igreja pelo próprio Espírito
Santo. Um pastor que tenha convicção da sua vocação, do seu ministério, não tem
coragem de passar o episcopado a outra
pessoa por sua própria vontade. Ele precisa assumir esta função por
mais pesada que lhe pareça, por mais árdua e ingrata que seja.
Pelo desejo de poder, há pessoas que desejam se tornar
superintendentes das igrejas de Cristo, mas talvez não percebam o grave erro em
que estão incorrendo, porque é o que desejam por suas próprias vontades, quando
é necessário que sejam vocacionadas pelo Espírito Santo para tal obra.
Em algumas igrejas a função de supervisão, de
superintendência, é atribuída a um grupo de irmãos e em outras a uma só pessoa,
mesmo não sendo o pastor. No entanto, diante do Espírito de Deus, quem dará
contas dessa função é o pastor da igreja. Há muitos crentes, há diversos dons
do Espírito Santo distribuídos aos crentes nas igrejas de Cristo, mas a
supervisão de todos cabe sempre ao que foi chamado, vocacionado para pastorear
o rebanho.
3. Ancião. No grego presbyteroi, daí também
usar-se a expressão transliterada presbítero. Significa o que tem sabedoria, o
que tem capacidade para ensinar, conselheiro. É uma função herdada do Antigo
Testamento, do povo hebreu, que tinha seus anciãos, seus conselheiros. Por
isso, escrevendo a Timóteo, dando instruções a respeito do estabelecimento de
bispos sobre as igrejas, o apóstolo Paulo disse que devem ser aptos para
ensinar (1Tm 3:2).
Esta é uma função do pastor. Ele pode delegar poderes a
alguém para ensinar à igreja que conduz, para auxiliá-lo em seu ministério, mas
deve fazê-lo conscientemente, conhecendo a firmeza doutrinária daquele
a quem está delegando a tarefa, porque o pastor, ao
delegar poderes para o ensino, não se exime da responsabilidade do ensino. É ele quem dará contas a Deus do rebanho
que conduz e que pertence ao próprio Senhor.
Podemos dizer que:
a) Se um crente se deixar conduzir por
um outro crente qualquer, estará se expondo a ser conduzido por quem não tem
responsabilidade estabelecida pelo dono do rebanho e que, portanto, pode
conduzir o crente de qualquer maneira.
b) Não existe nada pior para uma igreja
do que a desobediência a pastores que procuram conduzir o rebanho dentro dos
princípios estabelecidos por Cristo. Isto faz com que uma igreja se arraste com
muitos problemas e crie sofrimentos terríveis para o seu líder, que
indubitavelmente irá refletir todo o seu sofrimento sobre o rebanho.
c) Existem pessoas que desejam
estabelecer caminhos próprios para que os pastores conduzam a igreja. Devem
lembrar-se que a igreja é de Cristo, que Ele deixou diretrizes a serem
observadas e que constituiu os pastores para que conduzam suas ovelhas através
dessas diretrizes.
d) Ninguém deve culpar o pastor por
querer conduzir a igreja dentro dos princípios bíblicos. Deve, antes, aceitar
os ensinos e procurar mudar seu coração se porventura pensar de maneira
diferente dos padrões estabelecidos no Novo Testamento.
e) A igreja deve estar sempre orando
pelo seu pastor, para que Deus o capacite a conhecer cada vez melhor o caminho
bíblico e para que Deus lhe dê sabedoria.
f) Se alguém auxilia o pastor na tarefa
de ensinar, compenetre-se de que está cumprindo uma função que é pastoral,
porque o pastor de sua igreja lhe delegou poderes para isto. Assim ele será
mais fiel a um compromisso muito sério com Deus.
O sustento pastoral - Quem prega o evangelho, que viva do
evangelho. Vou abordar a
questão em dois focos.
Primeiro a
permissão bíblica de se obter sustento para a vida através do evangelho (I Co
9.14), e (Gálatas 6.6). É preciso deixar bem claro que a qualificação “pregam o evangelho” não se aplica ao cumprimento da
responsabilidade missionária que pertence a todos os crentes. Tal
qualificação, segundo a argumentação do apóstolo Paulo, diz respeito àquelas
pessoas que foram divinamente vocacionadas para o serviço ministerial e a este
serviço se dedicam inteiramente e com o reconhecimento da igreja (I Co 9.9-13).
A essas pessoas, o povo de Deus deve ser o meio de proporcionar a retribuição
financeira que lhes garanta uma manutenção digna.
O segundo foco é o ensino bíblico da providência divina para a
busca do sustento, o qual inequivocamente abraça o fator prioridade como
decisivo para todos (Mt 6.33). Ninguém pode contestar que a prioridade maior de
um obreiro ou pastor que vive do evangelho deve ser a glória e o reino de Deus (I Co
10.31; Mt 6.33). E mais, a questão da garantia divina de sustento diz respeito
ao atendimento do necessário (Lc 12.22, I Tm 6.8). Afirmo isto, porque o Senhor
não prometeu para o seu povo riquezas e vida fácil neste mundo (Jo 16.33).
Alias, quem colocar a busca por riqueza como prioridade maior, encherá sua vida
de sofrimentos (I Tm 6.9-11). Entretanto, Deus garantiu que nenhum de seus
servos ficará desamparado ou a sua descendência mendigará o pão (Sl 37.25). O
ensino das Sagradas Escrituras apresenta o dinheiro e o acesso aos bens
materiais como fatores que viabilizam o cumprimento de nossa missão, a qual é a
nossa principal prioridade de vida (I Pe 2.9).
Por fim: Pregar o evangelho é
responsabilidade de todos, viver do evangelho é resposta provedora de Deus para
alguns. O ministério pastoral é uma
vocação sobrenatural que se dá em três tempos. 1º. É um chamado do alto, vem de Deus, que gera 2º uma forte convicção interior no
vocacionado 3º que confirmado pela
igreja é enviado pela mesma para cumprir sua missão. Atos 12:1,4
Até breve, Que nosso bom Deus te abençoe!
Alberto J. Santos
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