I Tessalonicenses 1:1,10 (leia o
texto)
Os
irmãos sabem que “igreja” não é um edifício, uma placa, nem um nome
institucional legalizado. Igreja é o corpo de Cristo, seus membros, cada um de
nós que estamos nele. Igreja é formada por pessoas redimidas e resgatadas do
mundo e do pecado (nem todos, mas paciência!). Igreja, portanto, é a reunião
dos crentes em Jesus. É a partir deste conhecimento que inicio este ponto.
A bíblia nunca diz em parte alguma
que a igreja de Cristo é imutável, mas sim que Deus o é, como também a sua
palavra. Ao olhar para as inúmeras falhas na igreja moderna, muitos declaram
que a igreja hoje tem que ser igual da época dos apóstolos, como se a igreja
primitiva fosse perfeita.
A igreja dos apóstolos também tinha os seus
problemas, tinha divergências, contendas, ora por causa dos costumes dos povos,
por causa das divergências de pensamentos, ora por causa dos pecados dos
irmãos. A igreja é feita por humanos e onde há seres humanos há falha. Ao ler o
capítulo 15 de Atos e as epístolas de Paulo, principalmente aos Coríntios se vê
isso claramente.
Qual o modelo de igreja que devemos
ser de acordo com o texto escolhido? Como, a partir desta carta aos
Tessalonicenses, Paulo vê a igreja? Como deve se mostrar um povo que professa a
sua fé em Jesus Cristo? Em minha leitura encontrei oito pontos fundamentais que
podem ser vividos como a eclesiologia de uma igreja local e como projeto de
vida de cada cristão que participa da Igreja.
Primeiro - Uma igreja de fé, de amor
e de esperança (v.3).
Uma igreja que tem fé é um grupo que
realiza a obra da fé. Isso significa que as coisas que esta comunidade faz em
relação ao próximo e para si mesma é fruto de sua fé. Esta igreja também
acrescenta a essas ações o amor que é o motivador de seus atos. Esta igreja
possui uma esperança no Senhor que não se abala diante das adversidades. A fé
realiza a obra, o amor é o motivo e a esperança é a garantia do futuro.
Segundo - Uma igreja que compreende
que foi eleita por Deus (v.4).
Os cristãos atuais em grande número
não conhecem a doutrina da eleição. Como disse, não vou entrar pelo caminho da
teologia das palavras, mas essa doutrina nos fala basicamente algumas coisas.
1) nós não tínhamos nenhuma condição de nos aproximar de Deus e de receber o
seu perdão, 2) tudo o que fizemos foi transgredir vez após outra os mandamentos
de Deus, 3) mesmo assim, Deus nos escolheu e nos elegeu em Cristo para vivermos
em sua presença e, 4) Ele decidiu nos aceitar e amar sem merecermos. Isso é
eleição!
Terceiro - Uma igreja que experimenta
o poder do Espírito e tem fortes convicções (v.5).
O que seria de uma igreja sem o real
poder de Deus? O poder do Espírito Santo que cura, liberta e transforma o ser
humano na imagem do Filho de Deus e que nos conduz continuamente a termos
experiência com Ele? Como imaginar uma igreja que é o corpo do próprio Jesus
Cristo não ser canal de seu poder na terra? Da mesma forma, não imaginamos uma
igreja sem fortes convicções, sem a mente saudável ou cheia de dúvidas
alimentadas por aqueles que vivem como “pedras de tropeço” aos outros. Um povo
sem convicções definidas é fraco na fé e anda atrás de “coisas novas” todos os
dias.
Quarto - Um povo que se parece com
Jesus e é alegre (v.6).
O maior de todos os modelos pessoais
para qualquer cristão é Jesus. Portanto, o mais excelente alvo de todos é que
uma comunidade de crentes se pareça com ele em suas ações e palavras. Não há
desejo mais sublime. Conseqüentemente, uma igreja que se parece com Jesus, é
uma igreja feliz, alegre no dia a dia. Agir como o Senhor nos dá alegria de
viver. O mundo em nossas últimas gerações ainda não viu Jesus através da sua
igreja. Está mais do que na hora disso acontecer.
Quinto - Uma igreja que se torna
modelo para as outras ao redor (v.7)
Esta também é uma parte difícil do
processo, mas não impossível. Paulo viu o nascimento daquela igreja local e com
o passar dos anos seu amor e devoção não diminuíram, ao contrário, foi
crescendo a ponto de ser ouvido em partes longínquas do império. Esta
comunidade local se tornara um modelo de como os cristãos deveriam viver sua
fé, como relacionar-se internamente e com os de fora e como ser relevante para
o reino de Deus colaborando com a propagação da Palavra da salvação. Ser um
modelo não é ser superior às outras, mas suprir as deficiências delas pelo
testemunho de si mesma.
Sexto - Uma igreja missionária (v.8)
Quanto a isso não acredito que se
tenha muito que dizer. A igreja por natureza é missionária. Em sua região,
cidade, estado ou nação, a igreja já faz missões pela própria existência e
viver diário. Somente que existe uma imensa parte do povo de Deus que não tem a
mínima preocupação com a obra missionária. Penso que uma comunidade missionária
é uma igreja que vê as necessidades do campo missionário como sérias e reais,
tanto quanto vê a necessidade que sua cidade seja alcançada pela mensagem do
Evangelho. Isso pode ser feito de diversas formas.
Sétimo - Um povo que adora e serve ao
Deus verdadeiro (v.9)
Somos chamados antes de tudo para ser
adoradores. Sabemos disso e muito bem. Muitas igrejas locais se empenham em
realizar congressos e seminários, encontros e shows de adoradores e atuam
diversificadamente com esse objetivo. A questão aqui não é que a adoração seja
uma questão de músicas e palestras. Uma igreja que serve e adora a Deus faz
isso com sua vida. Em casa, no ambiente de trabalho, no meio da família e em
sociedade, a adoração é um estilo de vida. Em outras palavras. Tudo o que eu
faço, toda a minha vida deve servir para que Deus seja visto e reconhecido em
cada detalhe. Isso sim é desafio!
Oitavo - Uma igreja que aguarda a
volta de Jesus (v.10)
Por fim, uma igreja que não anseia o
retorno de Jesus não é igreja, é um clube social. Uma igreja que espera a volta
de Cristo não acumula tesouros e bens na terra, não compra um carro novo a cada
ano aumentando sua frota particular, não ostenta riqueza e glamour e tampouco
faz planos apenas para esta vida, como se não fosse viver em outro mundo. Uma
igreja que espera o retorno de Cristo vive como se fosse um forasteiro nesta
terra, pronto para partir a qualquer momento.
Acredito que estes motivos e
argumentos extraídos da carta aos tessalonicenses podem se constituir um
excelente fundamento para um sólido modelo de igreja neotestamentária, séria,
relevante, adoradora, responsável socialmente, que reconhece sua dívida com
Jesus Cristo e lhe tem como Senhor e Cabeça e que anda, não em direção à glória
desta terra, mas em direção à glória do mundo vindouro.
Reflita: Que tipo de Cristão e igreja sou e qual modelo devo ser!
Oremos por isso!
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